quarta-feira, 27 de março de 2013

Tem coisas que não mudam (muito).

Não acho que lugar de mulher seja exclusivamente o cuidado da casa, filhos e marido, ela pode e deve fazer

o que quiser e puder, desde que, como todo ser humano, respeite os limites do próximo.
Mas nós, mulheres, somos terríveis. Adquirimos várias e várias atribuições e não abrimos mão de nenhuma! Ou porque não queremos ou porque não podemos.
Posso deixar a casa nas mãos de minha auxiliar para serviços domésticos, mas não consigo, afinal, nem tudo  fica do jeitinho que quero. Posso deixar meu marido fazer a comida, mas volta e meia me meto a dar pitacos no preparo, mas confesso que a louça é todinha dele! e se ele seca e guarda a louça, eu não fico muito satisfeita, porque nem todos os utensílios estão guardados no lugar correto. Posso deixar as crianças arrumarem seus quartos, gavetas e brinquedos, mas certamente, em algum dia da semana, meterei o bedelho para "corrigir" a arrumação.
Contudo, existe uma coisa que não dá para delegar e só meter o bedelho de vez em quando, não dá para deixar passar por menores que sejam os detalhes... a criação dos filhos/as. Não tenho palavras para agradecer a Deus a oportunidade que tenho de poder estar perto deles.
Nem sempre pude e agora valorizo muitíssimo esse momento de dedicação.
Na realidade, trabalho muito mais agora, me aborreço muito mais, sinto um baita cansaço físico e mental, mas nenhum momento longe deles me traz mais alegria do que perto, mesmo com todos esses "acompanhamentos".
Quando estão comigo, sei o que tenho que fazer, sei os horários, a disciplina, não tenho tempo de cansar, de dormir, chorar, sofrer ou sentir dor. Não tenho tempo para nada a não ser para eles. Comida, banho, conversas, sermões, chamadas de atenção, carinhos, beijinhos, cosquinhas (cócegas..rs), trabalhos de casa, atenção aos horários, ao tempo, às roupas... Eita! É muita coisa! Que desgaste... que prazer!
Quando estou só, se eu estiver bem, a luta em prol deles continua, preparando a casa para recebê-los de volta. Se eu estiver mal de forma que não consiga cuidar das demais coisas, não sei o que fazer. Aí vem dores, pensamentos chatos, carências, conversas loucas com textos sendo lidos ou com a TV, ou com um filme... ou um sono maldito que arreia ao invés de levantar, que suga ao invés de repor as energias...
Quando eles chegam e começam suas bagunças e eu começo a falar, por mais exaustivo que pareça, me alegra. São minha alegria, alegria esta que um dia partirá dos meus braços e controle para ser a alegria de outra, que espero em Deus, se alegre e muito! E alegre os meus.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

"Recordar é viver" e reviver

Li um texto de um ex-aluno do Seminário do Sul falando sobre o tempo em que esteve lá. Meu sentimento é o mesmo que o dele. Saudades, boas lembranças e paixão por aquele lugar.
Quando me converti à fé batista, me apaixonei pela denominação e por tudo que ela tem, inclusive o seminário. Lembro da primeira vez que estive lá, lugar lindo, agradável, cheirando a história - boas e más. Entrei na biblioteca... que sublime!
Visitava o site do seminário constantemente sonhando com o momento em que poderia fazer minha matrícula online. Lia os artigos, conhecia alguns professores via web e só me apaixonava mais.
Enfim, muito tempo depois, consegui matricular-me no curso de Teologia. Trabalhando fora, casada e mãe de dois filhos pequenos, não poderia estudar todas as noites e me manter longe de casa tanto tempo. Matriculei-me somente em algumas matérias e ia ao seminário somente duas vezes por semana.
Saía do trabalho no Centro e não encarava muito tempo de viagem, só demorava um pouco devido aos engarrafamentos, mas curtia o caminho, lia enquanto estava no ônibus. Ao descer no ponto, ainda andava um bom pedaço pra chegar na subida que dava acesso ao seminário e subia. Curtia até essa subida... ainda mais quando passava pelo bambuzal... mais ainda quando os bambus estavam sendo balançados pelo vento e eu ouvia aquele ranger dos bambus... era muito gostoso... Minutos importantes, todos esses que me levavam até àquela Casa.
Chegava um pouco antes da aula iniciar, entrava naquela biblioteca maravilhosa e revia alguma matéria.
Entrava em sala de aula e um novo mundo se abria, tudo novo, nem sempre belo, mas sempre encantador.
Admirava tudo ali e de forma especial os professores, pelo menos a maioria dos que conheci.
Foi difícil pra mim, pois quando cheguei ao seminário achei que ali fosse a extensão da igreja, que iria encontrar uma nova família, sorrisos, abraços, ombros e amizades. Não foi assim. Vi que era uma escola normal, com pessoas normais, legais, metidas, chatas, encrenqueiras, simpáticas, honestas, desonestas, etc. Tinha gente de todo tipo. Era só mais uma instituição de ensino com todos os seus encantos e alguns diferenciais.
Vi e ouvi muita coisa boa, presenciei momentos fantástico dirigidos pela coordenação e direção do seminário e momentos tristes em que ficou claro o poder institucional sobre o "espiritual", o poder doutrinal sobre o educacional. Realmente triste.
Não fiz grandes amizades, não conversei tanto nem me envolvi com as pessoas o tanto que gostaria. Contudo, tenho lembranças ótimas e uma tremenda vontade de voltar a estudar lá e concluir meu curso, que infelizmente, não consegui terminar. Minha turma, se não me engano, se forma no fim desse ano. Desejo sucesso a todos, assim como eu gostaria de ter, caso pudesse participar dessa formatura como formanda.
Hoje, ficam as lembranças, as lágrimas, uma certa nostalgia e a esperança de voltar.

Pai, sabes ler no meu íntimo o que não foi escrito aqui. Sabes dos detalhes da minha jornada mais até do que eu, da ordem das coisas e dos reais motivos que me afastaram desse sonho. Espero ainda poder aprender de verdade e ter um discurso melhor, mais pessoal, menos repetitivo. 
Teorias são importantes, mas independente disso, quero continuar a praticar o que tenho aprendido de Ti. Seja comigo, Senhor. Obrigada.